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COVID 19 - Análise, dicas e impactos

ATENÇÃO:

O estudo a seguir não foi encomendado por nenhum cliente, portanto é um estudo compacto e no que diz respeito as características infectológicas e epidemiológicas todos os dados publicados foram baseados em informações disponibilizadas por institutos confiáveis e amplamente reconhecidos pela comunidade científica. Com todas as fontes disponíveis no texto.

As informações e dicas dedicadas a ajudar as empresas a passarem por esse momento de crise, são ações estratégicas que fazem parte da cultura de gestão e resposta a crises presentes no método de consultoria da benV 360.

Por fim, os capítulos sobre "Futurologia" e "Fórmulas para para o país superar a crise" são meros capítulos especulativos fruto de análise realizada sobre os materiais, dados e notícias gerados ao redor do mundo, nesse momento de combate a pandemia.

Nenhuma informação presente neste texto pode se sobrepor as indicações dadas pelas autoridades médicas do país. Em caso de conflito de informações, levar em consideração as informações prestadas pelas autoridades médicas, e desconsiderar o possível contraditório presente nesse material.



O Coronavírus:


Coronavírus (CoV) é parte de uma grande família viral, conhecida desde a década de 1960 e tem como principal característica, o ataque ao sistema respiratórios de animais e humanos.

Em 2002 ficou demonstrado que alguns tipos de Coronavírus causam a Severe Acute Respiratory Syndrome - Síndrome Respiratória Aguda Grave - (SARS-CoV). Os primeiros casos foram relatados na China, mas segundo o Ministério da Saúde, se disseminou por 12 países em três continentes, infectando 8.000 (oito mil) pessoas com uma taxa de mortalidade de aproximadamente 10%, cerca de 800 pessoas morreram.


Em 2012 outro Coronavírus foi identificado na Arábia Saudita e se alastrou por outros países do Oriente Médio, Europa e África. Como foi identificado que todas as pessoas contaminadas estiveram, ou conviveram com pessoas que estiveram em países do Oriente Médio, essa variação do Vírus ficou conhecida como Middle East Respiratory Syndrome – Síndrome Respiratória do Oriente Médio – (MERS-CoV). Nesse caso a taxa de mortalidade chegou a quase 30%, mas o vírus tinha dificuldade em se alastrar, e acabou por contaminar menos de 1.000 pessoas.


Já a tal COVID-19 da qual tanto se fala, é a doença causada pelo vírus SARS-CoV-2. Uma forma do Vírus que iniciou sua proliferação na China em dezembro de 2019. Essa forma do vírus têm uma característica diferente das demais. Embora a taxa de mortalidade dela seja mais baixa - “apenas” 2% - seu poder de contágio é exponencialmente mais alto.

Enquanto a MERS-CoV ao longo de 2 anos infectou menos de mil pessoas e matou menos de 300 pessoas, a SARS-CoV-2 infectou mais de 350 mil pessoas em apenas 3 meses, tendo se alastrado por mais de 100 países em todos os continentes.

Por esse motivo consideramos um engano grave menosprezar os riscos que essa doença traz a sociedade. A taxa de mortalidade de 2% da COVID 19 está nos conduzindo a uma mortalidade muito maior em números absolutos, do que a MERS-CoV jamais chegou perto, mesmo com sua taxa de mortalidade de quase 30%.



Gráfico da curva de contaminação da MERS-CoV. Fonte: OMS

Formas de transmissão:

Essa é um dos pontos que mais intriga a comunidade científica. A força de contágio desse vírus gera a estimativa de que cada pessoa infectada pode contagiar de 1 a 15 pessoas. Atualmente calcula-se que em média cada pessoa contaminada, levou o vírus a outras 3 pessoas. Porém, não é possível ter certeza sobre isso, já que pessoas assintomáticas podem transmitir os vírus e nunca apresentar os sintomas.


No início do surto todas as proteções sugeridas eram proteções mecânicas contra gotículas expelidas pela fala, tosse e espirros dos pacientes. Acreditava-se que máscaras, luvas, aventais e óculos seriam o suficiente para proteger os profissionais do contágio da doença. No entanto, mesmo com todos esses cuidados e atenção redobrada, muitos profissionais de saúde foram infectados com o vírus, e atualmente médicos e cientistas acreditam que o vírus quando expelido, permanece suspenso no ar por um período de até 4 horas, conforme artigo científico publicado no The New England Journal of Medicine (NEJM). O que acaba por exigir um esforço redobrado de segurança para interagir com pessoas infectadas, e evitar a rápida proliferação da doença.


Acredita-se que a contração original do Coronavírus pelo ser humano tenha sido através do consumo de alimentos de origem animal. No caso da SARS-CoV-2 as principais suspeitas são sobre o consumo de morcego, ou pangolim, hospedeiros habituais de outros tipos de Coronavírus que não tem capacidade de contaminar humanos.

Infecção Local / Contágio Doméstico:

São os casos em que um cidadão de um país é contaminado por outra pessoa que não viajou para fora e não teve contato com quem tenha viajado. Ou seja, um vírus que já circula internamente no país.

Infecção importada / Contágio externo:

São classificados assim todos os casos em que o cidadão diagnosticado tenha contraído o vírus em um país diferente de onde fora diagnosticado.

O Tamanho do problema:

Atualmente já há mais de 400 mil casos - e subindo - confirmados no mundo. No Brasil já nos aproximamos de 2.000 casos, mas isso não é pouco, quando levado em consideração o crescimento exponencial de infectados que dobra a cada 2 ou 3 dias. A previsão é que o auge da contaminação no Brasil ocorra já nas primeiras semanas de Abril de 2020.


Além disso, a realidade é que o número de pessoas contaminadas com certeza é muito maior do que os casos confirmados, isso porque a maioria - cerca de 80% das pessoas – não apresenta sintomas, ou apresentam sintomas muito leves. Mesmo assim, são proliferadores potenciais do vírus. Conseguimos estimar que Minas Gerais, e Rio de Janeiro estão sofrendo com um problema de subnotificação de casos. Isso porque muitos óbitos estão sendo registrados como síndromes gripais, mas não estão sendo testados para COVID-19. Outro indício forte de subnotificação é a quantidade de exames realizados que é muito baixo. Em São Paulo por exemplo, somente os casos com sintomas graves estão sendo testados.


O único jeito de melhorar a efetividade nos isolamentos sociais, é a testagem em massa. Se a população não for testada em massa, os governos não terão condição de mapear a proliferação da doença. Um erro estratégico grave, que vai na contra mão das recomendações da OMS e das estratégias de combate mais eficientes como da Coréia do Sul, China e Japão.

Estimamos que o número real de mortos pela doença seja até 3 vezes maior que os casos notificados, e o número de infectados pode ser até 11 vezes maior do que o notificado, segundo estudo desenvolvido pelo Centro de Modelagem Matemática de Doenças Infecciosas da London School of Tropical Medicine.

Esses números podem variar muito de uma região para outra. O excesso de demanda está fazendo com que os governos comprem até 11 tipos de exames diferentes, e o tempo de revelação dos resultados desses exames leva de 10 minutos a 1 semana. Atualmente alguns resultados demoram até uma semana para ficarem prontos, esse atraso se dá por questões logísticas e também pelo excesso de testes realizados.



Tempo de Quarentena:

Quarentena, apesar de significar um conjunto de 40 dias, é o termo que tem sido usado para designar o isolamento social. O tempo mínimo de quarentena deve ser de 14 dias. Esse é o tempo que o vírus pode se manter vivo no organismo humano sem manifestar nenhum sintoma. Em tese, após esse período, quem não apresentar sintomas, deve estar sem o vírus.


Se 14 dias é o tempo mínimo, o tempo máximo ainda é desconhecido. Após um isolamento massivo de quase 60 dias, a China conseguiu praticamente zerar os casos de contágio doméstico / infecção local. Porém, os casos externos continuam chegando ao país que conta com um dos melhores controles sanitários para detectar e isolar os pacientes com o novo coronavírus.


Os procedimentos de quarentena são os mais eficientes para achatar a curva de contágio e a letalidade da doença. No entanto é importante ressaltar a rotina de quarentena pode durar meses.


A epidemiologista e líder do estudo de modelo de combate a Covid-19 realizado na Universidade de Toronto no Canadá, Ashleigh Tuite, criou um modelo matemático que mostra que o isolamento de 20 dias é eficaz no achatamento da curva de contágio, o que ajuda os hospitais a atenderem os casos mais graves sem superlotação. Mas alerta que isso não é o suficiente para conter a pandemia. Segundo o modelo desenvolvido pela sua equipe, o único modo de evitar o colapso completo dos sistemas de saúde será através de vários períodos de isolamento severo ao longo de 2 anos.

Segundo ela, ao final de cada quarentena a curva de contágio voltará a subir, não tão alto quanto antes do isolamento anterior, mas em níveis preocupantes. Quando isso acontecer, os países, estados ou cidades terão de passar por um novo período de quarentena e manter essa rotina durante pelo menos dois anos. Tempo que deve ser suficiente para o mundo encontrar outras formas mais eficientes de combate a pandemia, como remédios e vacinas.

O estudo realizado pela equipe da Ashleygh foi revisado pela comunidade científica e coincide com alguns outros modelos como o desenvolvido pelo Imperial College London, cujo resultado aponta que as restrições sociais extremas podem precisar durar até 18 meses nos EUA e Reino Unido para evitar centenas de milhares de mortes concentradas em um curto período.

Formas de proteção:

Só existe até o momento uma forma de proteção realmente segura, o completo isolamento social.


  • Pessoas infectadas, ou com sintomas leves devem usar máscaras e ficar em completo isolamento, com pratos, talheres, copos e até banheiro privativo, se possível.


  • Pessoas não infectadas ou sem sintomas devem permanecer em isolamento social.


  • EPIs como luvas, máscaras, óculos e aventais só devem ser usados por profissionais que tenham contato direto com o público e mesmo assim não garante que a pessoa não será contaminada. Profissionais da saúde do mundo inteiro estão se contaminando mesmo fazendo o uso adequado de todas os equipamentos. O melhor continua sendo o isolamento social completo.


  • Muito cuidado com serviços de delivery, esses profissionais têm capacidade para serem os maiores vetores de transmissão durante o período de isolamento. Isso porque os produtos passam por diversas mãos, e os profissionais de entrega ficam constantemente concentrados em grupos com muitos entregadores juntos. Mesmo que as entregas sejam feitas na portaria do prédio, nada impede que os funcionários do prédio sejam infectados e posteriormente transmitam o vírus para os moradores.

  • O ideal é que esses profissionais sejam afastados e tenham uma renda mínima garantida por ações emergenciais do Estado. O coronavírus pode permanecer por até 72 horas em superfícies como a embalagem desses produtos de delivery.


  • Lave as mãos compulsivamente, pelo menos a cada 20 minutos, principalmente após o contato com objetos como maçanetas, portas, canetas e embalagens, lave as mãos com bastante sabão por pelo menos 20 segundos seguindo as manobras indicadas no manual disponibilizado pela ANVISA.


Fonte: Manual de Referência Técnica para a Higiene das Mãos - Anvisa



 

Dicas para sua empresa passar

pela pandemia de Covid 19.

É difícil imaginar algum aspecto positivo para esse momento, talvez porque não haja um lado positivo nisso tudo. Mas é preciso utilizar esse tempo de uma forma mais estratégica possível, para que a retomada ao fim da quarentena, seja um pouco mais ágil.

Reprograme suas contas e folha de pagamento:

Para o seu negócio sobreviver durante o período de crise, sem tantos impactos, será necessário negociar com todos os credores para que tenha a menor fuga de caixa possível.

Para evitar problemas maiores para a economia do país, alguns cuidados precisam ser tomados, como por exemplo, prolongar o máximo possível os débitos com credores grandes, e fazer um grande esforço para pagar os pequenos credores – mais vulneráveis – o quanto antes.

A mesma lógica precisa ser seguida para demissões. Os primeiros cortes de salários e até demissões devem começar pelos cargos mais altos e melhores remunerados. As maiores remunerações serão as que atrairão os melhores quadros para a contratação após a crise, já os cargos com vencimentos mais baixos exigem muito mais esforço para encontrar mão de obra qualificado. Além disso, dispensar os profissionais mais caros ajudará a manter a saúde financeira do negócio, ao mesmo tempo que manter os profissionais com os vencimentos mais baixos manterá operacional e pronta para funcionar imediatamente assim que a crise passar. Pelo lado social essa escolha também faz total sentido e ajuda a reduzir o impacto causado na economia popular e no mercado consumidor interno. A máquina necessária para a saúde econômica do país.


Um “tapa” no visual:

Nós sabemos o quão difícil é fazer certos reparos na imagem da nossa empresa no dia-a-dia. Afinal, sabemos que a maioria esmagadora das empresas não dispõem de caixa para terem um setor de marketing responsável por pensar nessas coisas.


São muitos detalhes como identidade visual, layout dos orçamentos, site, redes sociais, assinaturas de e-mail, papelaria e comunicação visual das lojas e escritórios. Por ser tão complexo, muitas empresas adiam essa tão importante atualização da imagem da empresa.

Chegou a hora. Repense tudo, crie um cronograma e execute essas mudanças. Sua empresa voltará com mais vida ao final da crise.


Precificação:

Uma precificação mal feita pode ser a maior fuga de capital de um negócio.


Uma das formas de perda de capital na precificação ocorre quando as empresas esquecem por exemplo de atualizar o impacto dos custos do negócio no preço dos produtos. Quando o aluguel aumenta, ou há reajustes na folha de pagamento, ou até alteração no valor da tarifa de luz e água, é importante verificar o impacto que essas mudanças causam no preço final do seu produto ou serviço. Quando isso não é feito, muito dinheiro pode ser perdido e os negócios podem demorar a perceber, porque o “giro” costuma mascaras essas pequenas fugas.


Outro ponto é averiguar se a taxa de juros do adiantamento de recebíveis de compras parceladas na maquininha das adquirentes cabe na margem da empresa. É comum encontrar casos de empresas que não têm capital de giro suficiente e recorrem a esse adiantamento, logo sofrem uma grande corrosão de margem, pois esses adiantamentos cobram taxas na ordem de 10% a 20% do valor da venda. Se o governo lançar linhas de crédito especiais para socorrer os negócios, lance mão dessa linha, para fortalecer o capital de giro, e impedir a fuga de caixa por pagamento de juros.


Sem uma boa análise é difícil determinar o ponto exato de fuga de capital e corrosão de margem. Além das possibilidades citadas acima, ainda há um outro fator muito comum que é o descontrole na oferta de descontos, promoções e cortesias. Quando se cria uma oferta, é importante que o desconto dado ao cliente, saia de um fundo específico de marketing para aquela ação. O desenvolvimento da campanha de marketing não pode comprometer o caixa da operação e não pode consumir o capital de giro em demasia. É necessário controle sobre o tipo e a quantidade exceções de marketing fornecidas, para que isso não inviabilize a operação principal e não leve os negócios a falência como aconteceu no “boom” das plataformas de compras coletivas e que começa a se repetir no atual “boom” dos aplicativos de delivery.

Contratação e treinamentos:

Se sua empresa é uma das muitas que demitiram funcionários para sobreviver à crise causada por essa pandemia, em algum momento você terá que contratar, e nada será como antes.

Sua empresa precisa se preparar para um processo seletivo com triagem a distância e etapas de entrevistas sem aglomeração de candidatos.

Os processos terão de ter hora marcada, e uma estratégia mais efetiva de seleção para reduzir as etapas de contratação e reduzir o risco de contaminação da equipe.


Outro foco de atenção necessário, é a educação corporativa da equipe. No atendimento a micro e pequenas empresas, é notório a falta de qualquer tipo de treinamento inicial, nem que seja para prestar informações básicas sobre a empresa, sobre os produtos oferecidos, sobre os serviços prestados ou sobre as funções que o novo colaborador irá exercer na empresa.

Por isso desenvolva treinamentos institucionais, e também treinamentos técnicos específicos para as funções mais estratégicas da sua empresa. Isso reduz o tempo de adaptação dos novos colaboradores e melhora a performance da equipe como um todo.

Manuais operacionais:

Se poucas empresas têm treinamentos institucionais e técnicos para sua equipe, não é exagero nenhum dizer que praticamente NENHUMA micro, pequena ou média empresa tem uma ferramenta que chamamos de Manuais Operacionais.


Mais comum em empresas com muitas filiais e franquias, os manuais operacionais são a ferramenta mais importante para resguardar a qualidade e uniformidade do serviço prestado e até da produção dos produtos.


Esses manuais descrevem com detalhes todas as etapas necessárias para a realização de cada tarefa cotidiana da empresa, e nos mais completos e funcionais, podem prever inclusive procedimentos de segurança do trabalho, contenção de crises e procedimentos extraordinários para, por exemplo, organizar e gerir o trabalho em regime home office.


O Manual Operacional Digital da benV, além de todas essas características, ainda apresenta facilidades como reprodução em múltiplas plataformas (smartphones, tablets, computadores, TVs, Totens etc), e um grau de segurança mais contundente, ao limitar o conteúdo dos manuais de acordo com o cargo e função de cada funcionário que é autenticado via logins e senhas individuais.


  • Como ferramenta de consulta em tempo real, o manual operacional pode reduzir em até 50% o tempo de aprendizado para novos colaboradores e economizar até 70% do tempo usado pela equipe para a solução de dúvidas simples.

  • Como ferramenta de replicação de modelo, o Manual Operacional pode reduzir em até 90% o tempo de instalação de uma nova unidade.


 

Um exercício de futurologia:


Não há precedentes do tipo de crise que o novo Coronavírus pode causar. Isso porque hoje vivemos em um mundo globalizado e acessível, portanto, se o homem pode ir a mais lugares em um tempo menor, o vírus acompanhará proporcionalmente essa locomoção. O que estamos vivendo é tão inédito, que o caso que tem sido mais comparado com o Corona Vírus, é a chamada Gripe Espanhola, que contaminou 500 milhões de pessoas de 1918 a 1920 com uma taxa de mortalidade de 10%, ou seja, que gerou 50 milhões de óbitos.

Os cálculos mais catastróficos mostram que a COVID 19 pode infectar mais da metade da população humana e causar até 120 milhões de mortes se nada for feito. Mas sabendo que algumas coisas já estão sendo feitas e do alcance tecnológico que o mundo tem atualmente, dá para começar a estimar alguns impactos, e é sobre isso que vamos falar.


Quarentena / Isolamento Severo:

Segundo infectologistas e epidemiologistas essa crise não deve durar menos de 3 meses. Quanto antes os governantes do país entenderem isso e decretarem o “lockdown”, ou seja bloqueio completo das cidades, a pandemia não vai acabar e nem reduzir a curva de contaminação. O mais provável é que os bloqueios das cidades seja intermitente, ou seja, param tudo até quase zerar os novos casos, depois liberam as cidades para funcionar até outro pico de contaminação. A vida ao normal só voltará após um período mínimo de 18 meses.


Mercado de trabalho:

O mercado de trabalho será extremamente afetado, nos próximos meses o número de desempregados deve dar um grande salto, passando dos 12% para 25% a 50% em um período de até 6 meses. Essa variação se dará de acordo com os incentivos que o governo der as micro e pequenas empresas que são os maiores empregadores do país e tem uma vida útil de 15 a 60 dias em um cenário como esse.


Renda Média:

A renda média da população deverá derreter rapidamente chegando a uma redução de até 50% em poucos meses, isso significa uma interrupção no comércio nacional, além de deixar vulnerável todas as famílias de baixa renda e também donos de imóveis.

Governos do mundo inteiro estão decretando medidas como o fornecimento de Renda Mínima Universal ou para a maior parte da população. Veja bem, não se trata de crédito, pois crédito agravaria o problema, o trabalhador não teria como trabalhar e essa dívida seria impagável. Se trata de transferência de renda da forma mais direta possível, pegar o dinheiro do orçamento e entregar para a população gastar com alimento, aluguel, remédio etc. É o mínimo para que a economia continue, minimamente, funcional.

Esse ponto merece muita atenção, pois um efeito dominó se formará em muito pouco tempo. Pessoas presas em casa, famílias adoecendo e os “Uberizados”, ou seja, profissionais sem vínculo não terão mais clientes para atender; Eventualmente não poderão trabalhar porque estarão infectados ou em isolamento social; E em muito pouco tempo, a massa consumidora desses serviços não será suficiente para alimentar tantos motoristas e entregadores.

Concentração de Renda:

Se tem uma coisa que possa ser realmente benéfica nessa tragédia inevitável, é que essa pode ser uma boa chance para combater a desigualdade com os remédios mais evitados pelo tal do “Mercado”.

Esse momento é um momento que exige comoção e medidas vistas apenas em grandes guerras. Os governos precisarão de muito, mas muito dinheiro para manter os países funcionais e evitar a tragédia da morte em massa de grandes percentuais de suas populações. É um mar de dinheiro! O congresso Americano já discute um aporte na economia na ordem de US$ 1,9 Trilhão e um fundo de crédito sem limite, ou seja, vão colocar na economia quanto dinheiro for preciso até o fim da crise. Um remédio que eles aprenderam a usar em 2008. Uma das primeiras decisoes foi a doação de um valor de R$ US$ 1.200 para cada trabalhador que tenha recebido menos de US$ 77 mil no ano de 2019.


Além disso, o governo Estadunidense já falam na suspensão da cobrança de aluguel, luz, água e até hipotecas no momento mais agudo da crise.

Claro que hoje em dia o processo de “imprimir dinheiro” já é muito simplificado, e não necessariamente se trata de imprimir papel, se trata de adicionar números a um sistema, o que em tempos normais não é feito pois isso desvaloriza a moeda, mas em tempos de crise, pode ser a única saída para o sistema financeiro mundial não ruir.


Em todo caso, a se seguir esse movimento ousado, as alíquotas de impostos aplicado sobre a renda dos mais ricos deve subir muito. Os EUA chegaram a praticar impostos superiores a 70% em tempos de crise como a quebra de 1929 e as guerras mundiais.

É um momento único na história, a chance de ouro para uma reforma econômica mundial. Nos cabe observar quanto tempo levará para os governos fazerem essa opção. É bom que seja rápido, pois o que a economia do país precisa nesse momento é liquidez. Dinheiro circulando.

A julgar pelo comportamento do Governo Jair Bolsonaro, essas medidas, infelizmente devem demorar a chegar por aqui, já que a resposta tem sido lenta em comparação a outros países do mundo.

Segurança Pública:

País desigual, explosão de desemprego, milhões de famílias vivendo abaixo da linha da pobreza e uma doença dizimando famílias. Ou o país atende com dignidade essas pessoas, ou nos próximos meses, talvez dias, veremos muitos casos de roubo, furto, arrastões, saques e até conflito civil.


Durante anos o Brasil negligenciou a desigualdade social e nos últimos anos a miséria voltou a crescer. Não dá para esperar que as pessoas morram famintas e caladas, o instinto de sobrevivência tende a falar mais alto.

Será nesse momento que a necessidade máxima por políticas públicas de proteção social, valoração do trabalho e proteção financeira ao cidadão, ficará mais evidente.

O PIB:

Esqueçamos o PIB.


Essa seria a reposta mais honesta possível. Mas praticando uma futurologia é possível prever recessão enorme. Não acredito nas contas dos economistas, porque quem acompanha as previsões de início de ano, sabe que os economistas e o Mercado geralmente erram o número por mais de 30% para baixo ou para cima. Então as estimativas de PIB servem mais como “meta”, do que como previsão.

No Brasil a FGV já fala em uma recessão de mais de 4%, outros institutos dizem que pode chegar a 6% ou 8%. A julgar pela política econômica defendida pelo atual governo, a recessão pode chegar a casa dos dois dígitos, talvez 10 / 15%. A Alemanha, com todos os esforços que tem feito, e bons resultados que têm colhido já espera e se prepara para uma recessão de 5%, pelo andar das coisas, aqui será muito pior.


Essa estimativa desastrosa se mostra plausível porque o Governo atua com uma agenda neo-liberal, acreditam piamente que o Mercado precisa de autonomia e se autorregula, mas estão errados. Não existe registro na história de um momento de depressão econômica tenha sido superada pela união do capital privado. Todas as depressões econômicas foram contornadas com atuação e aporte maciço de dinheiro do Estado, e ao que tudo indica, o governo brasileiro não entendeu isso.


Nos últimos dias, na contramão do mundo o governo anunciou medidas que além de não ajudar, prejudica o cidadão comum e não tem ação de resgate para nenhuma micro e pequena empresa ou trabalhadores sem renda.

Nas últimas horas chegou a defender que as pessoas ignorem a pandemia e voltem ao trabalho, reabram o comércio e voltem as ruas. Se isso acontecer, todas as previsões de proporções apocalípticas apontadas pela OMS, podem se concretizar e o país mergulhar em uma crise humanitária nunca vista na história.


Nesse momento, o freio da queda só pode ser acionado por uma combinação de fatores, dentre eles os dois principais: Isolamento social severo, ou seja, praticamente ninguém sai de casa e nada funciona, a não ser aparelhos de saúde, segurança e abastecimento; e o segundo fator é a injeção massiva de capital para a metade mais pobre da população. Dinheiro na ordem de R$ 1.000,00 por pessoa todo mês (Aprox. R$ 100 bilhões por mês de crise).

O valor pode até parecer alto, mas uma parte enorme disso volta para o governo na carga tributária.


E a bolsa? E o tal do Mercado?

É um pouco esquizofrênico conversar sobre bolsa de valores e Mercado de Capitais. Isso porque trata-se o Mercado como uma pessoa, um ente que tem emoções, sentimentos e vontades.

É comum falarmos que o Mercado começou o dia de mau-humor, ou que o Mercado se animou com a pauta do congresso. Sempre que você ouvir isso, pense em um grupo de pessoas muito ricas, ricas suficiente para terem muitos milhões e até bilhões aplicados em empresas que eles nunca pisaram, que de acordo com seus interesses, emite sinais ao País comprando e vendendo ativos.

Quando vendem grandes volumes de ações, empurram os índices do Ibovespa para baixo, o que é entendido como um sinal de desaprovação, geralmente em relação a alguma decisão política;

Já quando compram em um grande volume concentrado de ações, também podem oscilar a bolsa positivamente. O que é entendido como um sinal de aprovação.


Essa explicação serve apenas para mostrar que os valores de ações das empresas podem subir e descer em movimentos especulativos. Isso acontece mesmo que nada tenha mudado na empresa em questão de produtividade. Uma determinada empresa pode estar crescendo exponencialmente, mas pode perder valor de mercado apenas por uma lógica “oferta e demanda”.

Dessa vez não é isso que está acontecendo. Embora alguns economistas apontassem indícios de bolha, ou seja, hipervalorização dos ativos, essa queda abrupta, de quase 120 mil pontos para a casa dos 60 mil pontos, se dá não só pelo estouro dessa bolha, mas também pela apreensão da bolsa refletindo os acontecimentos internacionais. A cada notícia ruim que chega de fora a bolsa despenca mais um pouco. Acreditamos que tenha espaço para mais algumas quedas abruptas, principalmente durante o pico de contaminação que deve acontecer no Brasil já nas primeiras semanas de Abril.

 

Como o país pode enfrentar o vírus.

Injeção de capital:

Não há outra saída. Para diminuir o ritmo da queda da economia o Estado precisa atuar em várias frentes de injeção de capital.


  1. O primeiro passo é distribuir renda para todas as pessoas do cadastro único que já são beneficiárias do Bolsa Família. Essas pessoas precisam se alimentar com muito mais qualidade para fortalecer o sistema imunológico e mitigar os efeitos da doença.

  2. A segunda fase da injeção de capital precisa distribuir renda para todos os MEIs e autônomos, ao mesmo tempo que financie de 70% a 80% da folha de pagamento das micro e pequenas empresas até o limite de R$ 2.000,00 por profissional, se for o caso.

  3. A terceira etapa dessa injeção de capital precisa atender as médias empresas que tiveram suas operações prejudicadas, que apesar de serem um pouco melhores estruturadas financeiramente, não têm fôlego para superarem a crise sozinhas e começarão a quebrar em massa em 3 meses, caso não sejam socorridas. Nesses casos uma linha de crédito a juros zero com 120 meses de prazo para pagar e talvez alguns meses de carência. Tudo isso fornecido pelo BNDES pode salvar as empresas que toparem a cláusula de não demitir nem cortar o salário de nenhum colaborador da base operacional.

  4. As linhas de crédito a juros zero e prazo longo podem ser oferecidos também para as micro e pequenas empresas se equiparem. O Brasil tem uma das economias menos eficientes do mundo, muito disso se deve a escassez tecnológica. Micro empreendedores muitas vezes trabalham com equipamentos velhos e lentos. Uma linha de crédito que permitisse a esses empreendedores comprar equipamentos, softwares, sites e mídia para divulgar o trabalho, faria bem para esses micro e pequenos empreendedores. O crédito poderia ser liberado em etapas conforme prestação de contas.

  5. Uma linha de crédito para indústria também seria de bom tom, desde que algumas regras sejam seguidas, como gasto de pelo menos 70% do valor com insumos e máquinas nacionais, além da garantia de não demissão da base operacional.


Equilíbrio das contas:

  • 1. Para dar agilidade as ações emergenciais, o governo pode muito bem usar os fundos de reservas internacionais em dólares que possui. Esse fundo possui uma liquidez preciosa que pode salvar vidas nesse momento. Obviamente não devemos nem precisamos queimar toda a reserva, mas 1/3 dessa reserva, aproximadamente US$ 120 milhões, poderia render mais de meio bilhão de reais em liquidez para o país tocar as primeiras etapas do programa de distribuição de renda, manutenção de empregos e resgate econômico.


  • 2. Outro movimento que pode ser necessário, é o endividamento do país. Atualmente a dívida bruta do país é equivalente a 80% do PIB, enquanto China tem um endividamento equivalente a 149% de seu PIB; EUA 107%; e Japão 230. Embora não seja a melhor opção, porque acaba penalizando o país como um todo, ao invés de uma “penalidade progressiva”. Mas ainda assim é uma opção.


  • 3. Não é tão simples, nem tão rápido, mas o Congresso Nacional precisa formular o mais rápido possível uma reforma tributária profunda, prevendo inclusive uma alíquota extraordinária para momentos de calamidade. Nossa carga tributária precisa ser maior. Segundo um estudo da Instituição fiscal Independente (IFI) sobre a carga tributária do Brasil e dos países da OCDE de 2016, a Carga tributária do país, corresponde a 32,3% do PIB, contra 45,9% da Dinamarca; 45,3% da França; 44,1% na Suécia e Finlândia. Nos EUA, a Carga Tributária é de 26%, porém 83% do valor tem origem na taxação de renda, lucro, ganho de capital, folha salarial e propriedade, e só 17% no consumo de bens e serviços. Aqui a composição tributária tem apenas 49% arrecadado em renda, lucro etc. E arrecada os outros 51% dos tributos sobre o consumo, o que atrapalha a ascensão de classes e aprofunda a desigualdade social. Enquanto a faixa mais alta de renda paga uma alíquota de 49,5% no Imposto de Renda da Alemanha, 49% na Itália, 48,5% na França, 31,7% nos EUA e 30,8% no Reino Unido. Aqui no Brasil, um país em desenvolvimento que precisa investir para crescer, cobra apenas 27,5% de renda da faixa mais alta e não tributa lucros e dividendos da pessoa física. O trabalhador que ganha apenas R$ 5.000,00 já está na faixa de renda mais alta, e paga os mesmos 27,5% de impostos que uma super renda de R$ 500 mil por mês. Isso quando a pessoa que tem a super renda não opta por receber tudo como se fossem uma empresa, para poder pagar menos impostos. É o caso de grandes apresentadores de TV, personalidades e esportistas com grandes rendimentos. Ou seja, um desequilíbrio total que precisa ser corrigido rapidamente. O país precisa arrecadar mais, e essa arrecadação tem que ser sobre renda e patrimônio dos que mais podem pagar.

  • 4. A mais drástica das possibilidades seria suspender o pagamento da dívida federal. Uma espécie de “calote cidadão”. A crise pode ser muito grave, e exigirá ações severas. Atualmente, R$ 1,9 Trilhão (50,7%) do orçamento de 2020 está reservado para amortizar ( R$ 1 Trilhão) e refinanciar (R$ 917 Bilhões) a dívida pública federal. Travar ao menos o pagamento de juros, já garantiria um orçamento R$ 900 Bilhões para encarar essa crise com a força e seriedade que ela exigirá.


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