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Análise: PIB cresce 1,4% no 2º tri e acumula 3,3% em 12 meses

Dados da última terça-feira (03 de setembro de 2024), divulgados pelo IBGE, mostram que o Brasil cresceu mais do que o mercado esperava. No 2º trimestre, o país surpreendeu e cresceu 1,4%, ou, 36% a mais do que a expectativa dos gestores de fundos que previam no boletim focus, em média, 0,9%.


Para nós, aqui na benV, porém, o ponto que mais chama atenção é o crescimento da indústria (1,8%), que ficou acima 0,4 p.p. do crescimento do PIB. Esse dado surpreende, porque o Brasil vem de um processo de desindustrialização nos últimos anos.

Além disso, surpreende também, porque a formação bruta de capital fixo (FBCF), ou seja, o investimento dos setores produtivos na compra de equipamentos de produção, maquinários de fábrica e desenvolvimento de novas tecnologias através da pesquisa e desenvolvimento de inovação também cresceu, muito acima do PIB, um total de 2,1%. Esse dado é importante porque revela três coisas:


  1. Confiança do setor produtivo no cenário econômico, fazendo com que entrem em financiamentos para a renovação e/ou instalação de parques industriais;

     

  2. Projeção de crescimento para os próximos anos, já que esse maquinário, por óbvio, tem uma vida útil longa e aumenta a capacidade produtiva. Consequentemente, propicia uma expansão de mercado;

     

  3. Expansão do setor de serviços – que cresceu no último trimestre 1% – já que maquinário e novas indústrias, além de abrirem novos postos de trabalho, demandam, por exemplo, serviços de comunicação e manutenção.



Sem sombra de dúvidas, contribuíram para esses resultados, outros fatores, como por exemplo o crescimento do emprego, que levou o país à mínima histórica de desemprego para o mês de julho (6,8%), o que, por sua vez, fez crescer a massa salarial e propiciou um crescimento do consumo familiar na casa dos 3,7% nas atividades imobiliárias e 4% no comércio.


As notícias são boas e podem melhorar. Caso o Banco Central retome a tendência de queda no patamar da SELIC, os juros poderão cair e estimular a economia. Por isso, vale a pena ficar de olho nos números dos próximos trimestres e se planejar para surfar essa onda que começa a se formar.


Por outro lado, os riscos que conseguimos mapear são dois:


  1. O comportamento instável do dólar, uma vez que os EUA passam por eleições presidenciais em um momento turbulento da história, com conflitos crescentes no Oriente Médio, Europa e África. Junto a uma sinalização incerta do Federal Reserve (Fed - a autoridade monetária dos EUA) sobre a trajetória dos juros. Se subir, a cotação do dólar pode acompanhar e virar um peso inflacionário na economia nacional, principalmente por conta dos insumos produtivos vindos de fora e dependentes do câmbio. Se cair, a moeda tende à estabilização em relação ao real, com possibilidade de pequena queda. O ideal é se afastar do dólar e evitar financiamentos em moeda estrangeira.


  2. O lobby aberto do mercado financeiro, desejando juros mais altos para ancorar o risco de suas carteiras. Caso tenham sucesso no pleito e consigam pressionar o Banco Central a subir os juros, o ritmo de crescimento pode ser afetado e prejudicar indústria, serviços e comércio que investiram na expansão da oferta.


 

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