Brasil é o maior produtor nominal de energia de fontes sustentáveis e 2º maior em taxas proporcionais
Há décadas o Brasil aposta em geração de energia por fontes renováveis. Apesar de ser um gigantesco produtor de petróleo, foi através do pioneirismo de pessoas como professor José Goldemberg, que optou, desde sempre pelas *matrizes de energia limpa, relacionadas às suas próprias características geográficas.
Uma iniciativa que começou quando pouco se falava em aquecimento global e mudanças climáticas, através da instalação de hidrelétricas responsáveis por 55% da produção energética (hoje amplamente contestadas, a partir da construção de Belo Monte, devido ao impacto regional causado por elas), aproveitando a abundância hídrica do território, já se ramifica por outras iniciativas renováveis como a energia eólica (14,8%), **Biomassa (8,4%), solar (6%) e a ***Nuclear (1%).
Com isso, o Brasil atende 84,25% da demanda doméstica com energia de fontes renováveis (água, ar, sol e insumos orgânicos), ficando atrás, apenas da Noruega, um exemplo mundial, que sustenta suas demandas de consumo interno a partir de 98,4% de fontes renováveis.
Esse avanço não chega a ser uma surpresa. Em dezembro de 2019, Antonio Pedro Porto, diretor de projetos na benV 360 publicou um artigo prevendo o protagonismo da economia verde, citando dados disponíveis da época, como o empenho Alemão na casa de € 40 bilhões na estratégia de expansão das fontes de energia renováveis e as metas de descarbonização das frotas automotivas europeias.
Seguindo a tendência, o Brasil anunciou na semana sua Política Nacional de Transição Energética, com previsão de atrair até R$ 2 trilhões nos próximos 10 anos. Para o atingimento da meta, estão previstos investimento públicos, privados e crédito de fomento oferecido pelo Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES).
Apesar de a política ter sido desenvolvida e divulgada apenas agora, o país já caminha nessa direção com políticas modernas, como por exemplo, o mercado livre de energia em que um cidadão ou empresa de São Paulo, pode comprar créditos de energia de um parque eólico no nordeste, ou, de um solar no sul do país e abater de sua conta de consumo que originariamente o venderia energia de fontes diversas. Isso tem estimulado a conscientização do consumo elétrico e o investimento em parques de produção de energias renováveis.
Para o futuro, muita coisa ainda deve mudar. Com a capacidade instalada de produção do hidrogênio verde, ou seja, hidrogênio produzido através da eletrólise que utiliza fontes de energia renováveis em sua produção, em pouco tempo é possível que indústria consigam substituir o gás fóssil, por hidrogênio com emissão zero de carbono e outros poluentes originários da queima desses combustíveis fósseis.
Ainda é pouco, ainda andamos a passos curtos na direção de uma economia sustentável, mas, na interpretação da benV, em relação ao que vem sendo feito no mundo, o Brasil lidera e tem potencial para continuar a liderar a tendência de transformação para a economia verde. E essa, sem sombra de dúvidas, é a melhor oportunidade que temos para manter relevância econômica visando um futuro a curto e médio prazo.
*Aqui se está considerando a matriz energética de consumo elétrico residencial, industrial e comercial. No setor automotivo, segue a incontestável e nociva hegemonia dos combustíveis fósseis, liderado pelos derivados de petróleo e GNV.
**A biomassa, apesar de envolver queima de material, é considerada uma fonte de energia renovável por não emitir em seu processo, gases do efeito estufa como o enxofre. Além disso, é conhecido como um combustível de ciclo de carbono fechado, ou, neutro, já que a emissão de carbono do produto orgânico, é equivalente à massa de CO2 capturado durante a produção do material orgânico, geralmente composto por rejeitos vegetais da agricultura. Ainda assim, das fontes de energia renováveis, é a menos desejada e com menor potencial sustentável, devido à necessidade de queima.
*** A energia nuclear não é considerada uma fonte renovável, pois precisa de uma fonte combustível mineral que não se renova. Porém, discute-se ser, por um lado, sustentável, por não emitir gases de efeito estufa, porém, representa um grande risco ambiental em caso de vazamento de elementos radioativos, como ocorreu em Three Mile Island (EUA, 1979) Chernobil (Ucrânia, 1986) e Fukushima (Japão, 2011).
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