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Foto do escritorbenV 360. Soluções 360º

O Turn Up do Brasil

Atualizado: 16 de nov. de 2022

Toda mudança de gestão gera mudanças de rumos e a escolha de novas prioridades. Conheça a análise conjuntural da benV 360, sobre as mudanças de rumo que o Brasil deve enfrentar nos próximos anos com a troca de gestão federal.


Capa da Revista britânica, The Economist de 2009, quando o sucesso econômico do Brasil era exaltado após passar praticamente sem danos pela crise global de 2008.

ATENÇÃO: Em respeito às leis eleitorais, a benV não realizou publicações de cunho político, partidário ou eleitoral, durante todo o período do pleito democrático. Esse artigo não possui viés político-partidário, se trata de mais uma das diversas leituras de cenário que a benV tem publicado desde sua fundação. Artigos, esses, escritos sob a luz das análises que realizamos rotineiramente para diagnóstico de mercado e aprimoramento das nossas técnicas de análise.


No último domingo de outubro, o segundo-turno das eleições nacionais terminou com o resultado que elegeu Luís Inácio Lula da Silva para seu terceiro mandato (2002, 2006 e 2022). Com isso, o Brasil volta a ser governado por um partido trabalhista com viés de centro-esquerda. Mas, no fim das contas, em termos práticos, o que isso significa para o país?


Para responder a essa pergunta, além dos planos de governo do presidente eleito, Lula, buscamos analisar o comportamento de seus dois primeiros governos, além de estudar pronunciamentos e posicionamentos de pessoas próximas ao presidente eleito e, claro, o cenário atual.

Segue o resultado dessa análise, em tópicos:


INVESTIMENTO E EMPREGOS:


Os governos do PT são, historicamente, conhecidos por realizarem grandes investimentos estruturantes em parceria com o setor privado. Economistas que dividem o espectro político com o PT, defendem teses de indução estatal, em que o Estado estimula a economia através da contratação de serviços, obras e compras antecipadas, a fim de estimular índices econômicos – como o emprego – e tornar o país mais competitivo no cenário global. Essa é uma estratégia econômica alinhada com as práticas econômicas dos EUA, que recorrentemente, independentemente do governo de situação, realizam contratos de compra prévia, ou seja, compram produtos, como armamentos, vacinas e novas tecnologias da informação a fundo perdido, ou seja, antes mesmo de as empresas terem desenvolvido a tecnologia em questão ou de saber se essas empresas serão capazes de entregar tais encomendas; Outra grande potência mundial alinhada com esse mesmo padrão de compras, a política de indução estatal, é a China, onde empresas recebem subsídios estatais, acesso à linhas de crédito abundantes e pedidos de compras antecipados, para alinharem suas matrizes produtivas com os interesses coletivos e estratégicos do país que deve se tornar a maior economia do mundo, ainda nessa década. Isso para ficar apenas nas duas maiores economias do mundo, porém, França, Alemanha e Reino Unido também utilizam a estratégia há séculos. Um dos casos mais famosos é da gigante de motores, fornecedora das maiores montadoras de aeronave do mundo, a Rolls Royce, que durante um período do passado, quando era uma mera vendedora de veículos, perdeu competitividade. Mas com o apoio estatal, se reinventou e hoje os veículos são apenas uma pequena fração de sua receita, que hoje se concentra no mercado aeronáutico, fornecendo inclusive para gigantes, como a estadunidense Boeing e a brasileira Embraer.

China/Barcroft Media/Getty Images

Em governos passados, do próprio presidente Lula, a estratégia de fomento e indução econômica permitiu a consolidação e expansão de milhões de empresas que conseguiram acessar a crescente oferta de crédito do Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES), que, não apenas financiou empresas gigantes, com juros subsidiados, em busca de competitividade internacional, mas também liberou linhas de créditos bem específicas aos pequenos e médios empresários que puderam equipar suas empresas e até mobiliar escritórios com juros estimados em cerca de 12% ao ano, com período de carência e prazo de 48 meses para quitar.



Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

A estratégia de indução estatal tem como alguns de seus principais efeitos: a geração rápida de empregos, formalização e regularização em massa de empresas que desejam se tornar fornecedoras do setor público e daquelas que tentarão crédito para sanar e expandir suas operações. Em 2002, Lula recebeu um país com 11% de desemprego e entregou para sua sucessora, Dilma Roussef, com 5,3%, em dezembro de 2010. Seguindo o padrão desenvolvimentista, o Brasil alcançou a mínima histórica de desemprego, 4,3%, em dezembro de 2014.


No caso do Brasil, além do crédito facilitado às empresas que desejavam crescer e tinham planos competitivos, boa parte desses empregos foram gerados por obras públicas de grandes dimensões, como a construção da usina hidroelétrica de Belo Monte, a transposição do Rio São Francisco e a interligação de toda a rede de transmissão elétrica da matriz energética nacional, passo fundamental para a estruturação do projeto Luz para todos, uma das grandes bandeiras de inclusão dos governos do PT.

Além dessas e outras obras do Plano de Aceleração do Crescimento (PACs 1 e 2), a indução econômica nacional contou com o desenvolvimento das sondas que localizaram os poços do pré-sal e desenvolvimento de tecnologia, mais de 80% nacional, para a inédita extração de óleo e gás nessas condições, um “boom” de empregos de grande qualidade, gerados pelas indústrias naval, de óleo e gás e engenharia pesada.


EDUCAÇÃO E DESENVOLVIMENTO INDUSTRIAL:



Lançado em 2008, durante o segundo mandato do presidente Luís Inácio Lula da Silva, foi lançado o programa PROSUB, viabilizou a construção do submarino Humaitá em solo nacional, com transferência de tecnologia francesa. Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

Outra marca forte do governo petista, deve ser a retomada do investimento em educação de ponta. Identificamos que no primeiro e segundo mandatos do presidente Lula, havia um déficit de mão de obra especializada para diversos setores industriais, principalmente naqueles setores econômicos, até então, desativados, como a indústria naval que foi reativada para a construção dos navios-sondas e das plataformas de extração de petróleo, além dos submarinos Humaitá, uma tecnologia dominada por pouquíssimos países no mundo, mas fundamental para uma costa com as dimensões da costa brasileira. Em contrapartida, os royalties do pré-sal foram direcionadas em 75% para a educação e os outros 25% para a saúde. Esse incremento das receitas para a educação fez da prioridade do governo um case mundial de sucesso, com a construção de 18 universidades federais e 422 Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia, que supriram mão de obra especializada para novas demandas, como soldadores navais e técnicos de manutenção para turbinas eólicas de geração de energia.


Hoje, os desafios são outros. A crise que o país atravessou no fim da última década fez com que muitos postos de emprego fossem fechados e hoje há uma abundância de mão de obra especializada disponível ou subocupada em empregos de baixa complexidade. Trocando em miúdos, estão por aí, dirigindo e entregando para aplicativos, ou vivendo de “bicos” mal remunerados. Isso deve facilitar a retomada do setor de construção pesada do país, porém, outras especialidades são demandadas e isso deve dar a oportunidade de o país ganhar novos núcleos de ensino para as áreas de tecnologia da informação, semicondutores e até indústria aeroespacial.

Centro Nacional de Tecnologia Eletrônica Avançada (CEITEC) criada pela gestão Lula em 2008 é a única fábrica de semicondutores da América Latina. Quase extinta no governo Bolsonaro, seu funcionamento está garantido temporariamente pelo TCU, devido à sua importância estratégica.

Para se adequar à nova realidade global, acreditamos que o novo governo fará investimento na direção da atualização do complexo industrial capaz de produzir nanotecnologia para, em alguns anos, possibilitar que o país produza em grande volume semicondutores de baixa, média e até alta complexidade, como os tão necessários “chips” de processamento, ou os banais, mas imprescindíveis, semicondutores de transmissão wireless, ou identificação usados em documentos como passaportes. Se antes essas tecnologias de ponta eram necessárias apenas em computadores e celulares, hoje, tudo que só precisava de um cabo de cobre para funcionar, precisa de um ou mais “chips”. Fones de ouvido, telefones, alto-falantes e TVs são apenas alguns desses exemplos de tecnologia digitalizada que demandam cada vez mais tecnologia de ponta (semicondutores / “chips”) para seus funcionamentos básicos.


Também devem ser enormemente beneficiadas as empresas adequadas às práticas – não só ao discurso – ESG: Environmental Social Governance. Um conceito de gestão empresarial que contempla, concomitantemente, as governanças ambiental, social e corporativa, com igual atenção. Um verdadeiro conceito de otimização global nas companhias, capaz gerar uma enorme economia de recursos, ganho de produtividade e qualidade operacional. A tendência ESG é uma unanimidade global, pois se mostra uma forma eficaz de retardar os problemas derivados das mudanças climáticas causadas pelo antropoceno, ou, traduzindo: pela ação do homem.


O meio-ambiente e o combate às mudanças climáticas pautam e devem continuar pautando todos os mais importantes acordos internacionais e isso, sem sombra de dúvidas, influenciará a forma como o país prioriza as oportunidades, os investimentos, as políticas de crédito, tributação e, claro, a educação.

FISCALIZAÇÃO E CONTROLE:


O Brasil possui algumas das políticas de controle mais eficazes do mundo. Apesar de um esforço de afrouxamento das regras que garantem segurança, seguridade social e saúde para a população, o Brasil possui uma tradição de agências técnicas de controle e fiscalização muito eficientes.


A ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) deve, em pouco tempo, recuperar sua independência e rigor técnico. Acreditamos que um dos resultados deve ser a revogação da autorização de uso de centenas de rótulos de fertilizantes e defensivos agrícolas (agrotóxicos) que foram aprovados em massa, de forma relâmpago, contrariando inclusive a literatura internacional, já que a maioria dos países Europeus desaconselha e proíbe o uso dessas substâncias. A se confirmar essa hipótese, o Brasil incentivará a produção orgânica de olho na abertura e expansão de mercados exteriores ainda pouco explorados. Colateralmente, essa medida pode gerar uma economia futura de recursos gastos com saúde, uma vez que muitos desses agrotóxicos aprovados em massa no último governo, possuem um potencial cancerígeno elevadíssimo.

Unidade de pesquisa Embrapa Cerrados, criado em 1975 para desenvolver pesquisas específicas para o desenvolvimento sustentável da agricultura no Bioma Cerrado. Além dessa, a Embrapa possui outras 41 unidades;

EMBRAPA: A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, enormemente fortalecida durante os governos do PT, conquistando o status mundial de excelência em pesquisa agrícola e detentora de um banco de sementes que conta com o mesmo rigor técnico do banco mundial de sementes na Noruega e da China, deve seguir a tendência de reversão do uso abundante de agrotóxicos e voltar seus esforços de pesquisa às possibilidade de biodefesa agrícola, recuperação de solos degradados, otimização das técnicas de permacultura, agroflorestas e outros ecossistemas sustentáveis e viáveis para a produção de alimentos saudáveis.


Na ANATEL, pouca coisa deve mudar. Com o crescimento da internet, a disputa nas telecomunicações se distancia da política e ganha as redes virtuais. O Brasil possui um moderno Marco Civil da Internet que garante isonomia na rede. Então à medida que regulações de interesse dos grandes grupos se mostram complicadas, a opção tem sido pela expansão virtual com streamings, plataformas dos mais diversos conteúdos e até a telefonia VOIP que deve ter um ganho significativo de qualidade com a consolidação da tecnologia 5G no país. Não conseguimos detectar grande possibilidade de mudanças de rumo, apesar de constatarmos que algumas empresas de telecomunicação, seguem com certa dificuldade em equilibrar as contas de seus negócios.

Desenvolvido pelo Banco Central durante as gestões Ilan Goldfajn e Roberto Campos Neto, o aplicativo que facilitou a forma como transacionamos financeiramente, mas ainda enfrenta desafios, já que tamanha facilidade também atraiu golpistas e por isso, a demanda atual é por mais segurança.

O Banco Central está em fase de conclusão de demandas e projetos antigos do setor. O PIX está em pleno funcionamento e open banking/open finance, que prometem melhorar a análise de crédito dos bancos, estão em fase de conclusão, mas carregam em si um risco enorme de segurança. Se antes, nossos dados e informações estavam fragmentados em diferentes bancos, cada um com diferentes rigores de segurança, agora, esses dados ficarão concentrados, todos acessíveis a um grupo cada vez maior de bancos e fintechs, com diferentes níveis de segurança e prioridades tecnológicas. Isso, por si só, aumenta o risco de um vazamento completo de dados. Por isso, as palavras de ordem dos próximos anos deve ser “segurança cibernética e regulação de responsabilidades”. Quem paga por prejuízos nos PIX? Quem responde e como serão punidas instituições que apresentarem falhas e vazamentos de dados? Essas são apenas algumas das perguntas que precisarão de respostas eficientes do órgão, além dos crescentes casos de fraude facilitados pela simplicidade da tecnologia.


Ainda sobre o BACEN, outro ponto de atenção deve ser a regulação sobre contas dolarizadas. Uma anomalia monetária, a duplicidade de moeda corrente, tende a gerar o derretimento da moeda local e isso poderá acarretar em enormes problemas econômicos como acontece na Argentina que, além de ter uma economia dolarizada, aceitando pagamentos nas duas moedas, ainda possui um câmbio paralelo que tira do Banco Central Argentino a capacidade de realizar rápidas intervenções na economia e permite flutuações especulativas com potencial inflacionário. Com a mudança de governos essa ideia pode ser revista, ou no mínimo deve receber mais atenção regulatória e perder o grau de prioridade.


A RECEITA FEDERAL DO BRASIL deve ser um dos órgãos com maior atenção, precisará passar por uma urgente modernização. As novas tecnologias desafiam o esforço fiscalizatório favorecendo a ocultação de patrimônio, sonegação de impostos, lavagem de dinheiro e evasão de divisas. Criptoativos como NFTs e criptomoedas favorecem o cometimento de crimes fiscais e precisam de uma atenção especial para que o país não perca arrecadação com movimentações atípicas, informais e ilegais. O Partido dos Trabalhadores possui uma tradição de quadro técnicos muito consolidada, incluindo quadros de outros espectros políticos, como Henrique Meirelles e Joaquim Levi, o que gera uma expectativa de uma escolha pragmática de um perfil técnico capaz de liderar a modernização dos sistemas de controle, reduzir a sonegação fiscal e preparar o terreno para uma eventual reforma fiscal que tribute prioritariamente a renda da pessoa física de forma mais progressiva (quem ganha menos paga menos – ou não paga – e quanto maior a renda, maior a alíquota). Ao passo que tira a carga tributária que incide sobre o consumo. Uma mudança que, se acontecer – e seria importante que acontecesse – exigirá uma reorganização sistêmica de controle e cobrança.


ECONOMIA E INDICADORES ECONÔMICOS


Na economia é difícil afirmar o que será feito, já que no período eleitoral o Partido dos Trabalhadores conseguiu reunir o apoio de uma frente, realmente, ampla, envolvendo partidos e demandas da direita tradicional, centro direita, centro, centro-esquerda e esquerda. E essa grande união, trouxe uma grande quantidade de demandas, de setores distintos da sociedade. Porém, existem algumas travas econômicas que bloqueiam dois bolsões de crescimento, o que nos leva a crer que serão prioridades.


O primeiro bolsão: os juros bancários. Essa é uma agenda popular que agradaria logo de início todos os espectros políticos e 99% da população. Um marco regulatório que indexe os juros bancário à taxa básica de juros, ou até com um teto de juros bem determinado, seria uma mudança muito eficiente para o aquecimento econômico, já que as taxas de juros bancários, no Brasil são impeditivas. São juros impagáveis e incompatíveis com a maioria das atividades econômicas, principalmente para micro e pequenas empresas, responsáveis pela maior parte dos empregos do país. Criar um teto para os juros bancários permitiria uma injeção massiva de capital na economia com a abertura de milhões de postos de trabalho, nesse período de 4 anos.

No mundo desenvolvido, incluindo Alemanha, Reino Unido, Portugal, EUA e outros países membros da OCDE. Os juros bancários giram na casa dos 12 a 20% ao ano, principalmente os juros voltados para o fomento de negócios; em contraponto aos mais de 80% cobrados no Brasil nas mais diversas modalidades de crédito para pessoas físicas e jurídicas.

Com a indicação do novo mandatário do Banco Central, agora com mandato independente, que deve ser indicado em 2024, a tendência é um esforço pela redução da taxa básica de juros, SELIC, que vinha despencando governo após governo, desde Itamar Franco e pela primeira vez é devolvida por um mandatário acima do que recebeu. O Governo Bolsonaro recebeu a 6,5% e deve passar para o Governo Lula acima dos 12% (atualmente 13,75%).


Estima-se que cada ponto percentual acrescido à SELIC, gera cerca de R$ 40 bilhões em custos de rolagem da dívida, ou seja, juros pagos aos credores – em sua maioria, bancos – e por isso identificamos esse como o segundo bolsão de crescimento. Se voltar ao patamar entregue pelo Governo Temer, o Brasil disponibilizará, para investimentos, por ano, pelo menos 280 bilhões de reais. Em um governo com estratégia de indução econômica para a geração de empregos, esse é um valor muito bem-vindo, com potencial de geração e manutenção de até 4.2 milhões de empregos (~15 empregos por milhão investido/ano).


CULTURA, IDENTIDADE NACIONAL E RELAÇÕES INTERNACIONAIS:


Essa parte, poderíamos resumir grosseiramente como a estratégia de “branding”, ou, gestão de marca do País. São esses pontos que definirão como o Brasil será visto no cenário internacional.


Historicamente o Brasil soube aproveitar e explorar suas belezas naturais para se promover internacionalmente. A biodiversidade brasileira também é famosa no mundo todo. Talvez as pessoas de fora não saibam especificar espécies da nossa fauna e flora, mas genericamente sabem da diversidade de biomas que o Brasil possui.

Sátira do seriado Os Simpsons, ironiza a violência urbana no Brasil.

Bossa Nova, carnaval e futebol, também, já foram outros atributos da nossa cultura, utilizados para construir nossa fama internacional e atrair turistas. Mas, da mesma forma que as características boas, as partes ruins como a conturbação política, violência e até exploração sexual e trabalho escravo, também chegam ao conhecimento das comunidades internacionais e afugentam turistas, investimentos e outras possibilidades de relações comerciais e diplomáticas.


O desafio que será encarado pelo próximo governo que se inicia em 01 de janeiro de 2023, passará por retomar os pontos positivos que sempre foram exaltados, mas não bastará. O Governo Lula deverá fazer um esforço muito grande para evidenciar o Brasil como uma esperança sustentável para o planeta. Portanto, toda e qualquer iniciativa verde dentro das empresas deverá ser um trunfo na hora de conquistar clientes, investidores e fãs pelo mundo.

A agricultura familiar, responsável por produzir até 70% dos alimentos consumidos no Brasil, deve receber atenção especial do novo governo eleito. Foto: Fernando Dias/Governo RS

ESG, agricultura orgânica e familiar, restauração florestal, matriz energética verde, Economia Circular, pesquisas climáticas e a preservação costeira, devem ser os principais pontos trabalhados para a recuperação do prestígio internacional do país. O Brasil possui uma aptidão natural para a sustentabilidade e para a autossustentabilidade, dado o gigantismo terreno e a riqueza natural. Por isso, em nossa leitura consideramos que esses serão os “coringas” da nova gestão.


Quando o assunto é cultura, o Brasil que foi um dos primeiros países do mundo a produzir cinema e ficou conhecido por revelar ao mundo grandes expoentes de todas as artes, da arquitetura à música, ficou para traz nos últimos anos com o descaso que essa importante ferramenta de promoção internacional e complemento educacional, sofreu.


São pelo menos 6 anos de atraso em relação a países como Espanha, Turquia, Coréia do Sul, Dinamarca, Suécia e Alemanha, que viram na ascensão dos streamings e plataformas de vídeo por demanda, a chance de ouro de divulgar sua cultura, seus pontos turísticos, sua história, suas empresas, culinária, hábitos e versões de acontecimentos históricos. Enquanto isso, a cultura deixou de receber investimentos e incentivos, se tornando obsoleta e tendo grandes dificuldades para competir no cenário internacional. Um presente impensável para o país que quase conquistou um Oscar com Central do Brasil e produziu Cidade de Deus, o 2º filme mais assistido do mundo em língua não-inglesa.

Central do Brasil (Walter Salles, 1998) | Em cena: Dora (Fernanda Montenegro) e Josué (Vinicius de Oliveira)

A indústria criativa é uma das indústrias com maior potencial gerador de empregos, além de ser um produto de exportação valioso que pode vir a ajudar o país, não apenas a atrair turistas e construir uma reputação mais positiva, mas também pode pesar positivamente na balança comercial com a exportação de conteúdo audiovisual.

Rei do Mate é uma das poucas empresas brasileiras que possui um investimento programático em Product Placement. Agora, além de ter aparecido para milhões de espectadores focados nas salas de cinema, a Rei Do Mate exibe sua marca gratuitamente, toda vez que alguém aperta o play nos streamings e cada vez que o filme é reproduzido na Globo. - Filme: Crô: O Filme, estrelado por Marcelo Serrado.

Para esse objetivo o novo ciclo governamental deve aumentar significativamente os investimentos no setor, além de criar estímulos para que as empresas apoiem mais a iniciativa cultural. Atualmente, o Brasil é um dos “lanterninhas” quando o assunto é investimento privado na cultura, ou na mídia cultural para a promoção de seus produtos e serviços. Enquanto mundialmente o investimento médio em Product Placement (colocação/exibição de produtos em filmes, séries, novelas, espetáculos etc) gira em torno de 3% da verba de publicidade e 2% para outras expressões culturais, no Brasil, a média de investimento publicitário em mídias culturais é de apenas 0,1% do total investido em publicidade.


Com esse cenário, é impossível que uma empresa brasileira seja competitiva internacionalmente. Enquanto Boeing, Harvard, Apple, Coca-Cola, Starbucks, Amazon, Nike, Citibank, Crocs etc. Aparecem interagindo com protagonistas de grandes produções e fazem seu público desejar aqueles produtos e simpatizarem com aquelas marcas de uma forma natural e não invasiva, Embraer, FGV, Positivo, Guaraná Antártica, Frans Café, Magazine Luiza, Olympikus, Itaú e Alpargatas são praticamente desconhecidos do mundo, apesar de serem ou terem sido, grandes competidores do mercado nacional.

O Brasil precisa exportar suas marcas e por isso, a cultura deve ser um dos vetores mais importantes para dar alcance às empresas nacionais, algo que ficou bastante evidenciado nos discursos de vitória que o presidente eleito, proferiu no hotel e na avenida Paulista, após a confirmação do resultado eleitoral.


Obs.: Para mais detalhes, específicos sobre o possível futuro da cultura no Brasil, consulte o artigo “A Cultura Brasileira nos próximos 4 anos. Projeções e oportunidades”, desenvolvido pelo braço cultural da benV, agência La Fourmi.


CONSIDERAÇÕES FINAIS:

As análises realizadas pela benV 360 se pautam em informações fidedignas e fatos estatísticos, históricos e econômicos, tomando todos os cuidados para que a leitura feita não seja influenciada de forma determinante pelas visões de mundo dos autores.

Algumas das nossas suspeitas foram suprimidas do texto final, seja por carência de mais informações e indicações claras oferecidas pela campanha do presidente eleito, gerando uma certa fragilidade às conclusões; ou porque são informações de áreas de conhecimento que fogem da nossa expertise; ou ainda, em uma terceira hipótese, porque as políticas propostas não apontavam grande mudança de rumos, em relação ao que já é praticado hoje.

De qualquer forma, a benV 360 coloca seu corpo técnico à disposição de empresas que desejem ter acesso a leituras de conjuntura e avaliações mais profundas de cenários específicos, ou projeções mais detalhadas sobre cada uma das leituras de perspectivas citadas acima.

No demais, a benV 360, uma empresa genuinamente brasileira, fundada em 2013, como não poderia deixar de ser, parabeniza o novo presidente eleito do Brasil, Luís Inácio Lula da Silva e a frente política ampla, por sua vitória em vias democráticas e deseja que essa nova gestão seja capaz de proporcionar desenvolvimento econômico, justiça social e a, tão necessária, reconciliação do país. A benV acredita que um país unido será capaz de mudar sua realidade.


Antonio Pedro Porto

Diretor de Projetos Especiais na benV 360.


P.S.: Capa original da The Economist usada no topo do post:



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